Caveiras
de demônios
John
Sim, eu forcei uma porta inter-espacial que só o
senhor do espaço pode ver, mas não fui tão bem sucedido quanto gostaria. Quando
forcei a abertura da porta, imaginei que voltaria para a Terra, entretanto a
porta se abriu em um planeta, a quatro sistemas solares do imaginado, com o
nome de Horion. O planeta era habitado por uma raça canina humanoide, mas isso
não interessa, o que importa é que eles possuíam tecnologia de nível sete;
suficientemente avançados para que eu roubasse uma nave e partisse para a
Terra. Não foi tão fácil assim na verdade, pois enquanto eu caminhava
normalmente no mercado central, (Sim, varias espécies se reuniam ali, para
compra e venda e não se importariam comigo) em certo momento vários cartazes
chamaram minha atenção. Para minha alegria, eu era procurado naquele planeta.
Em meio a multidão algumas pessoas começaram a me
seguir com olhares, apertei o passo e me escondi num beco próximo. Alguns
caçadores já haviam percebido minha presença e passaram direto. Precisava sair
logo dali, e encontrar aquela pessoa logo, para por meu plano em ação. Por
sorte o mercado era extremamente mal estruturado o que me dava muitos locais
para me esconder, até que cheguei a um imenso hangar, com naves decolando e
pousando o tempo todo. Foi então que vi minha passagem de volta para casa. Um
cargueiro gigantesco estava de partida, um pequeno alienígena azulado
extremamente feio dava comandos em uma língua estranha para os trabalhadores
entrarem, mas ele não prestava atenção em quem realmente estava entrando, me aproveitei
e entrei na nave, e escondendo logo em seguida em um dos compartimentos. A nave
decolou em direção a um sistema solar anterior ao de Horion, mais próximo da
Terra. Esperei até que chegassem a seu destino e enquanto estavam ocupados
descarregando, roubei um suprimento de armas, comida e o mais importante, uma
nave menor de patrulha que existe em todos os cargueiros, suficiente para me
levar de volta pra Terra.
A viagem de volta teria demorado milênios,
literalmente. A minha pequena nave não possuía sistema propulsão máxima. Veja
bem, esse é o sistema padrão que nos permite ultrapassar a velocidade da luz
sem que sejamos desfragmentados em átomos; o sistema de “dobra” que você vê nos
filmes, não existe. Dobrar o espaço é praticamente impossível. Entretanto com o
poder da Fênix consegui um efeito muito similar e consegui chegar a Terra em
algumas semanas. Agora que estava aqui, precisava voltar para minha base, meus
companheiros já deviam estar me esperando.
A minha “base” ficava em Londres, um
prédio abandonado na Soho Street. Mortais não viam o prédio graças às barreiras
mágicas que eu mesmo coloquei, até mesmo certas pessoas teriam dificuldade em vê-la.
Quando entrei, meus companheiros já estavam me
esperado como havia imaginado. Subi a velha escada e os encontrei no maior cômodo
do prédio: Nina estava sentada em um banco de frente para a porta, como um cão
de guarda. Cabelos longos e negros moldavam um rosto altivo e imponente, ela
usava uma camiseta vermelho sangue, calças jeans, com as barras dentro de um
coturno de cano alto. Escorado na janela, de costas, Arion observava o movimento
dos carros. Cabelos lisos até os ombros, iguais aos meus, porem seu rosto era
mais velho e aparentemente cansado; estava usando sua habitual capa de batalha
que cobria seu corpo inteiro. No momento em que entrei, Nina se levantou e
pulou em mim.
- Achei que você nunca fosse chegar – Ela disse.
- Aconteceram muitas coisas. – Respondi colocando-a
de volta no banco – Vocês nem imaginam, o quão rápido nossa empresa vai
crescer.
Contei a eles toda a historia, desde a batalha
contra Bryan, passando pela visita de Ryan e Randy até chegar à minha fuga
improvisada e a chegada até a Terra.
- E o que faremos? – Arion Perguntou, ainda olhando
para os carros lá em baixo.
- No inicio, eu pensei em simplesmente deixar o Caos
dominar, mas pensando um pouco no assunto, Bryan pode ter razão. Não vai sobrar
uma única alma viva em nenhuma das três dimensões. Então eu tive outra ideia.
Quando o Mestre se libertar, Bryan e os outros estarão lá, mas estarão
despreparados, e então, quando eu chegar, vou usar o poder deles, para destruir
o Mestre e tomar o lugar dele! É isso que faremos.
- Não é do seu feitio querer dominar as coisas –
Nina falou.
- E como você pensa em derrotar o Mestre? – Arion se
manifestou – Espero que tenha um bom plano.
- Na verdade, Arion, o nosso plano está atrasado...
Quando terminei de dizer, o lugar ficou
completamente enevoado. A névoa branca e cinza começara a dar forma a duas
caveiras de demônios de costas uma pra outra. O portal se formou entre as
caveiras e se abriu, revelando parte da dimensão do Inferno, pequenos
guerreiros mortos se aproximavam, mas foram evaporados na medida em que um
homem com vestes de samurai passava por eles. O samurai sai do portal e as
portas se fecham; as caveiras voltam a ser névoa, mas não desaparecem do quarto.
- Vocês já ouviram falar na profecia de Eric? –
Disse o samurai enquanto levantava as mãos em minha direção para me
cumprimentar.
- Vocês só podem estar brincando – Nina levantou
assustada – Esse cara vai ajudar a gente?
- Eu teria mais respeito mocinha, esse cara tem nome
e patente. – O samurai falou – Massato, Regente da dimensão do Inferno.
- Blá blá blá... Regente que deu um golpe de Estado
e tirou Lúcifer do poder. Até hoje não sei como você convenceu aqueles quatro a
te seguir. John, eu não gosto dele – Nina falou, irritada.
- Nina, se acalme – Arion se pronunciou e finalmente
parou de olhar para os carros – Quer dizer então, que a lenda é real? Explique
isso Massato.
- Como eu ia dizendo, a profecia de Eric. O primeiro
Mestre do universo possuía inúmeros poderes. Tempo e espaço se rendiam a ele, e
não só isso, seu espírito possuía o que chamamos de “Aura da criação”, com isso
Eric podia desmanchar sua alma em níveis espirituais desconhecidos e se
espalhar em qualquer lugar do tempo e espaço. E a profecia diz que Eric, antes
de passar seu posto, dividiu seus poderes em duas armas, que só poderiam ser
encontradas por aqueles que fossem realmente...
- Merecedores? – Nina interrompeu.
- Não Nina. Só poderiam ser encontradas por aqueles
que fossem realmente, inteligentes o bastante.
- E é isso que você pretende usar para destruir o
Mestre. – Arion disse – Você não pensou nisso tudo em uma epifania não é mesmo
John?
- Digamos que é o momento exato, para o plano exato.
– Respondi.
- Certo, mas o que esse cara tem a ver com isso? –
Nina perguntou – Porque precisamos da ajuda dele?
- Acontece que, eu sei aonde se encontra, uma das
armas de Eric, querida. – Massato disse com um sorriso sarcástico – Naquela vez,
quando assumi o poder, Lúcifer usou sua aura em mim, mas eu havia me preparado,
um feitiço antigo me protegeu dos efeitos de sua aura e antes de realizar meu
plano para prendê-lo eu pude sentir um poder diferente vindo de dentro de
Lúcifer. Foi por apenas alguns décimos de segundo, mas eu tenho certeza, nunca
confundiria aquela aura na vida. Uma das armas de Eric está presa dentro da
alma de Lúcifer.
- Então o que temos que fazer é; ir até o inferno e
retirar a arma de dentro da alma do tio iluminado? – Nina perguntou.
- Não é tão fácil assim. – Respondi – Quando Massato
prendeu Lúcifer, ele utilizou duas coisas. A primeira foi um feitiço muito
arriscado e proibido, que deixa a alma da pessoa em estado de animação suspensa
e a segunda, foi a ajuda daqueles quatro. No inferno, o Regente controla metade
das forças, e eles controlam a outra metade. Não sei o que ele fez para convencê-lo
a se virar contra Lúcifer, mas normalmente sua lealdade para com o Regente é inquestionável.
Isso significa que, para retirarmos o poder de Eric, precisaremos acordar Lúcifer,
o que pode despertar suspeitas e além de termos que lutar contra o antigo
Regente, podemos dar inicio a uma guerra da qual não sairemos vivos.
Nós quatro conversamos durante algumas horas e
formulamos um plano que deveria funcionar. Minha presença no inferno era
bastante conhecida, constantemente a Fênix me ajudava a criar um portal
interdimensional para lá. Veja bem, ela é atraída por ódio, e o Inferno é o
melhor lugar para se encontrar isso. Então, nós disfarçaríamos Nina com uma
pedra de energia da Fênix (condensar energia até se tornar sólida não é tão fácil
quanto parece) para distrair a atenção dos guardas e Massato distrairia nossos
quatro inimigos principais, enquanto eu e Arion iríamos atrás da arma de Eric.
Era relativamente simples, mas objetivo.
- Se estiverem todos prontos, abrirei o Portal –
Disse Massato.
- Espere – Arion falou – Parece que temos uma
visita. Podem ir na frente, eu cuido disso.
Se havia alguém nos espionando ali, eu não
imaginava, a pessoa era realmente um mestre, mas eu confiava o suficiente em
Arion.
- Certo – Falei – Abra o portal, vamos andando.
Arion, não sei o que está havendo, mas não morra.
- Não se preocupe com isso, apenas vá.
Massato vez a nevoa tomar a forma das duas caveiras
de demônio e atravessamos o Portal para o inferno, sem saber o que aconteceria
com Arion.
Nenhum comentário:
Postar um comentário